www.facebook.com/FacaTerapia

domingo, 3 de abril de 2011

FRUSTRAÇÃO TAMBÉM DEPRIME

Viver não é uma tarefa fácil. Exige muitas atribuições e responsabilidades, pouca ou quase nenhuma diversão, satisfação limitada pelos meios de consumo, prazer restrito ou colocado em gratificações efêmeras. E isso não é prerrogativa de adultos. Crianças, desde cedo são submetidas a um excesso de informação e altas expectativas de desempenho, de maneira que chega a ser quase pecaminoso almejar uma vida comum. A ambição, identificada como necessidade de ascensão, é vista como sinal de vitalidade, o que não seria um grande problema se o oposto, querer uma vida simples, não trouxesse consigo um tom de desvalia a quem deseja viver assim.
Nessa perspectiva, querer “apenas” SER não basta. Hoje, a realização pessoal tende a ser interpretada como um padrão de tolos e imaturos. No lugar dela está a realização social. Crianças e jovens aprendem a desejar o que o mercado consome e não o que suas almas aspiram. Alguns, que por sorte acertam nessa loteria de valores, não são exatamente realizados no que se refere à sua vocação, mas relativamente felizes com os resultados do que aprendem e conquistam enquanto trilham suas metas. Outros nem isso, mas podem obter alguma satisfação no consumo, quando os rendimentos compensam, mas é a minoria. Uma parcela razoável dos adultos de nossa sociedade está frustrada, vivendo de subempregos, álcool, drogas e antidepressivos.

É preciso salientar que remédios não tratam a frustração, embora sejam inúmeras as situações em que seu uso pode atenuar circunstancias problemáticas como desemprego, divórcio, doença ou outros tipos de perda. A solução para o estado depressivo que se instala quando alguém não se satizfaz com o que a vida lhe trouxe ou com suas conquistas, é a reflexão sobre as reais necessidades do seu íntimo. Muitas pessoas nem sabem o que as faria realizadas porque não se conhecem o suficiente para entender o que as nutriria de uma forma mais efetiva. A felicidade duradoura está ligada a um autoconhecimento, já que somos seres únicos, com capacidades e recursos próprios, para satisfazer-se e cumprir o seu melhor no mundo.

A originalidade de cada um pode ser encontrada em uma busca pessoal e através dela, uma forma toda própria de fazer a vida acontecer. Desse ponto de vista, maquiar a frustração não vai ajudar nesse enfrentamento. Portanto não menospreze a insatisfação; existe uma grande probabilidade de ser uma manifestação de sua ESSÊNCIA, gritando e implorando por respeito e consideração. O fato de termos aprendido a compensar as frustrações com soluções artificiais pode nos levar à falsa idéia de que nada nos satisfaz, porque compensações não satisfazem mesmo, não de uma forma duradoura. Quase nada do que estamos acostumados a lançar mão para combater a insatisfação, vai realmente nos preencher. A verdade é que não há como livrar-se desse incômodo, quando a frustração existencial é à base dessa reação.

A pergunta não deve ser:

O que me falta

e sim,

EU PRECISO DE QUE?

Muitas coisas hão de faltar em nossa vida e precisamos aprender a lidar com isso. Mas quando a existência é direcionada para aspirações mais profundas, focando aquilo que acalenta e nutre quem verdadeiramente somos, sempre haverá energia de reserva para superar as frustrações mais superficiais. Fique atento, não se contente em ser o que esperam que você seja. Esperneie, debata-se, solte-se das expectativas alheias, você é o único que pode saber o que realmente alimenta seu desejo de viver, já que somente deseja viver aquele que vive sua integralidade.

Maria Teresa Reginato – Psicóloga – CRP 17927

Um comentário:

ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

Arquivo do blog