www.facebook.com/FacaTerapia

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A HORA DE SAIR DO ARMARIO


Esse é um momento bastante delicado na vida de um jovem. Sozinho, sem poder partilhar suas angústias com alguém, assustado com a possibilidade de ser rejeitado no convício social e pela família, ele tem dois caminhos e nenhum deles é fácil: entrar nas primeiras experiências cheio de dúvidas e medos ou tentar o apoio de um familiar que lhe pareça mais amigável. A presença de um homosexual mais velho às vezes se mostra uma alternativa, o que mais tarde pode ser erroneamente confundido com algum tipo de influência negativa, embora todos tenhamos tido alguém com quem dividimos as incertezas da adolescência e isso é esperado e aceito, até valorizado se for mais velho.
Quando se faz possível contar com o apoio da família, na maioria dos casos já existe alguma experiência. Mesmo assim, é comum ouvirem algo do tipo:
- Como você pode ter certeza com tão pouca vivência disso, melhor esperar para saber se é isso mesmo o que vc deseja.
E como ter certeza sem vivenciar situações que reforcem a experiência sobre o assunto? Por vezes os familiares se comportam como se o exercício da homosexualidade fosse confundir a cabeça ou “macular para sempre” a vida do jovem.

Homosexualidade não pega, não se aprende, é uma forma de ser que nasce com a pessoa, mas a experiência da homosexualidade, quando existe uma demanda interna que a justifique, pode ajudar no aprofundamento do um entendimento sobre a própria sexualidade e afetividade. Em minha clínica vejo que muitas pessoas passam uma vida inteira em conflito por não terem se dado a chance de vivenciar e entender essa demanda, já que não se pode aprender sobre afeto e sexo, sem vivê-los.


De certa forma, todos saímos de um armário na adolescência, quando passamos a ensaiar aspectos do ser ainda não foram experimentados, como a liberdade de ir e vir, as relações sentimentais e sexuais, o trabalho, etc. É uma fase de novos exercícios, importante para a consolidação de um psiquismo saudável. Ter a chance de vivenciar o exercício da homosexualidade, quando ela é de fato uma demanda do ser, possibilita aprofundar o entendimento da sexualidade como um todo, da forma como ela se apresenta individualmente para aquela pessoa, portanto é válido e construtivo.

Maria Teresa Reginato –Psicóloga
visitem o site  http://www.facaterapia.com.br/

Um comentário:

  1. Parece que somos, todos, integrantes de um jogo cuja riqueza consiste em tornar possível a existencia de pontes facilitadoras de ¨armários vazios¨, construidas ,não por mentes monológicas e encurvadas porque auto-referenciais,mas por espíritos eretos, de olhar no horizonte e corações plenos que recepcionam para um compartilhar de esperança secular para a efetivação de um mundo mais aconchegante e afável para muitos.

    ¨Apanhar o que tu mesmo jogaste ao ar
    Nada mais é que habilidade e tolerável ganho;
    Somente quando,de súbito,deves apanhar a bola
    Que uma eterna comparsa de jogo
    Arremessa a ti,ao teu cerne,num exato
    E destro impulso,num daqueles arcos
    Do grande edifício da ponte de Deus:
    Somente então é que saber apanhar é uma grande riqueza
    Não tua,de um mundo¨.
    Rainer Maria Rilke

    ResponderExcluir

ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

Arquivo do blog