POR QUE PROCURAR UM PSICÓLOGO???

De pronto eu lhe respondo, e por que não?

Vc aprendeu a procurar um oftalmologista quando percebe que a visão está falhando; faz exames periódicos no ginecologista; entende que deve ir ao dentista para uma revisão, pelo menos uma vez por ano; leva seu filho ao pediatra de forma sistemática e tenho certeza, sabe a quem procurar se tiver um problema gástrico. Na verdade são hábitos aprendidos e por isso hoje vc entende que é saudável agir assim. E por que não procura um psicólogo? Vc sofre de insônia ou sente-se desmotivado para acordar; pode estar vivendo uma angústia cuja causa não consegue definir ou carregando um trauma antigo que interfere muito nas suas atitudes de hoje; sofre de ansiedade paralisante, perdeu o apetite para conviver com pessoas, está com dificuldades de memória e concentração, esconde conflitos que não quer dividir com qualquer um, está vivendo um casamento problemático, não está conseguindo conter o uso de drogas ou é usuário abusivo de álcool. Vc, como muita gente tem uma série de questões que poderia tratar com um psicólogo mas não dá prioridade a isso. É uma questão cultural. Ainda estamos aprendendo a considerar o psicólogo no rol de nossas necessidades de saúde.

Recebo pessoas em meu consultório que já viveram pelo menos um terço de suas vidas carregando sofrimentos torturantes e nunca procuraram um psicólogo. Quando eu as questiono sobre porque não vieram antes, alegam que estavam tentando resolver a questão sozinhas. Vejam , muitas vezes tentamos a auto medicação quando nos deparamos com algum mal estar (mesmo sabendo que deveríamos procurar o médico) mas é muito provável que nos rendamos se os sintomas persistem um pouco mais. Por que com um psicólogo é diferente? Talvez porque tenhamos ainda a velha convicção de que problemas psicológicos não passam de futilidade. Um médico disse a uma paciente depressiva que me procurou, que ela deveria procurar um tanque de roupas para lavar, já imaginaram isso? Felizmente essa mentalidade está mudando mas ainda existem coisas desse tipo. Mesmo aqueles que deveriam ser mais conscientes de que a saúde psicológica deve ser considerada, tanto quanto a física, estão aceitando essa realidade aos poucos.

Há um movimento em algumas escolas de medicina para incorporar essa formação. Até mesmo os convênios resistem à contratação do profissional psicólogo e quando o fazem limitam o número de consultas ao modelo médico. Assim sendo, diante do contexto atual, paciente e profissional costumam fazer seus contratos particulares e no final sempre é possível um acordo. O mais importante é a compreensão de que o fator psicológico é responsável por mais da metade das queixas das pessoas que procuram o médico; AS QUE PROCURAM porque parte delas sofre calada ou confunde seus males com problemas espirituais ou fraqueza de caráter.

Alguns também alegam que os tratamentos psicológicos são demorados e muitas vezes realmente são. Mas considere, se a busca por solucionar os conflitos acontecesse mais cedo e com mais frequência, talvez não estivessem assim tão complicados. Na maioria das vezes são questões pouco graves, como é pouco grave uma manchinha no dente que pode se tornar uma cárie. Quase sempre são os prejuízos decorrentes do não atendimento a essas"dores psicológicas" que as tornam maiores. Além do mais, o que é incontestavelmente proveitoso quando se procura um psicólogo, é aprender a sondar suas próprias entranhas, conhecer-se a fundo na força e na fragilidade, desenvolvendo a capacidade de trazer suas sombras à luz e lidar com elas com amor, energia e maturidade.

Maria Teresa Reginato - Psicóloga
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