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terça-feira, 7 de setembro de 2010

REAGIR

Chegar às 6 horas da manhã na rodoviária depois de 10 horas de viagem é bastante cansativo, principalmente considerando minha jornada de trabalho em Campos, quinze dias bem puxados de atendimento psicoterápico. Não resta a menor dúvida de que obter realização no que se faz compensa qualquer esforço, além do que, poder rever meus filhos e netos é acalentador.

Costumo comprar as passagens para a quinzena seguinte logo que chego ao terminal e não posso deixar de pensar que os funcionários atendentes de guichês não devem estar no melhor do seu humor a essa hora, principalmente domingo, de forma que procuro ter uma atitude de compreensão para com alguma aspereza ou desconsideração. Já na fila reparei que a funcionaria da direita era a mesma do mês passado, que me chamou a atenção por uma postura bastante hostil. Ela não só possuia um mau humor digno de nota, mas uma conduta que mesclava impaciência com um profundo desprezo pelas pessoas que deveria  atender. Aborreceu-me a simples idéia de que seria atendida por ela, mas a fila encaminhou-me para a funcionária da esquerda que, pasmem, comportava-se exatamente como a colega. Contágio? Irritei-me ainda mais... por toda a inconsciência do ser humano... mas respirei:

- Boooom dia, dito mais para me acalmar do que por educação...
Diante da frieza, ela sequer levantou os olhos para simular alguma receptividade, continuei... Quero uma passagem para Campos dos Goitacazes no dia... e também para a volta... Ela redobrou a silenciosa impaciência quando demonstrei que não tinha calculado o dia da volta com antecedência... Uma voz na minha cabeça tagarelava intolerante:

- Onde já se viu, essa pessoa é paga para trabalhar com o público... mesmo sendo domingo, eu também estou cansada, trabalhei tanto... quando fui balconista, aprendi a ser cordial no atendimento... que coisa desagradável para um domingo que começa... onde está o gerente, vou fazer uma queixa das duas, não tenho obrigação de aceitar... blá, blá, blá. Passei os olhos ao fundo tentando descobrir quem poderia ser o superior responsável por aquele departamento enquanto a moça terminava seu trabalho sem mudar do trato, nem música, letra ou afinação. Tomei as passagens, o cartão de crédito e com um último esforço da parte em mim que acredita na generosidade alheia, disse:

- Muito obrigada,  fique com Deus.
Então, a atendente ergueu os olhos e sorriu docemente...
A senhora também.

Afastei-me para a esquerda, ainda no balcão, para organizar as passagens dentro da bolsa, deixando-o livre para o próximo da fila. Sentia-me leve, gratificada por ter sabido controlar-me. Às vezes, ter razão ou estar em consonância com seus direitos não significa necessariamente saber e fazer a coisa certa. Em muitos momentos da vida nos contentamos em reagir, agir no reflexo de uma emoção ou mesmo da razão, afinal "estamos certos", sem refletir na circunstância presente como o momento único que é.
E pelo canto dos olhos pude constatar que a gentileza ainda vale o empenho.
- BOM DIA SENHOR... ATENDEU SORRINDO BRANDAMENTE... ela sem dúvida era muito mais bonita assim!!!


Maria Teresa Reginato - Psicóloga - CRP 19727
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5 comentários:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=VKnVAZHehV0

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=Dny57BwrNLw

    Retificando.

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  3. GENTILEZA GERA GENTILEZA!

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  4. Querida Teresa
    Imagine alguém como eu que tende a complexo de inferioridade.Percebo que as pessoas que trabalham com público não são na sua maioria bem selecionados e treinados,por outro lado podemos observar que em muitas ocasiões a situação se inverte quem esta sendo brindado com um ótimo atendimento não é receptivo.

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  5. Tereza, sinto saudades antes de mais nada. Comentando o texto: Quando apesar dos sentimentos gerados pelo comportamento de alguém para conosco, sejam esses sentimentos confusos, quando ainda assim lembramos que podemos simplesmente escolher como vemos o mundo, como percebemos as pessoas e o que damos a elas, quando essa escolha é generosa, há uma recompensa sem preço... é verdade. É como perceber que existe Deus na simplicidade do gesto. É dar forma ao que pregamos, amor sentido pelo outro numa fração rapida de tempo, tempo gerador de cura que replica para outros. Estou lendo um livro de Rubem Alves e pensei em pessoas simples, poéticas pela compaixão e que encantam o mundo com palavras... lembrei de você... quis seguir com um pretenso ensaio. Segui e cheguei aqui. Beijos.

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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

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