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terça-feira, 10 de agosto de 2010

DIA MUNDIAL DE COMBATE AO FUMO

Comemorado em 29 de agosto, esse dia simboliza uma iniciativa de reeducação no sentido amplo da palavra.
Muitas coisas mudaram desde que coloquei o primeiro cigarro na boca, aos 15 anos. Como para a maioria dos jovens daquela época, fumar era uma questão de integração social e aceitação. Em meados dos anos 60, o cinema americano colaborava substancialmente para que uma imagem glamurosa fosse associada ao ato de fumar. Assim, cheguei aos 35 anos de idade com a marca de duas ou mais carteiras de cigarro por dia. Não pensava em parar, até o dia em que precisei interromper o uso por conta de uma terapia espiritual. Ao acender um cigarro pouco antes de entrar na sala de tratamento fui surpreendida pela informação de que deveria suspender o fumo por 21 dias. Tendo sido pega de surpresa minha reação foi proporcionalmente surpreendente: senti como quem recebeu a notícia da morte de um ente querido, tamanho era o sentimento de perda. Passei os próximos 21 dias envolvida na perplexidade de minha reação; como podia um bastãozinho insignificante ter tal significado? E foi calcada nesse absurdo que decidi parar de fumar, o que desencadeou um processo de sofrimento intenso. Tinha dores de cabeça diárias, insônia, o raciocínio falhava, trocava palavras, fiquei deprimida e insegura, fui consumida pela irritabilidade. A cada dia desse tormento pensava: VEJA COMO VOCÊ ESTÁ VICIADA. Por muitos anos tive sonhos em que acendia um cigarro furtivamente, simulando naturalidade. Vício são assim, sorrateiros e dissimulados.

Vamos falar dos aspectos psicológicos que envolvem a dependência do cigarro. A princípio ele pode ser um objeto de identidade social, algo que o faz sentir pertencente a um grupo. Com o uso, torna-se uma parceria. Se você está desacompanhado ou não conhece ninguém, acende um cigarro; quando não sabe o que falar ou sente-se inadequado, usa o cigarro para aparentar descontração ou desinteresse, aprende a ficar na posição de ouvinte atento ou participante distante e misterioso, camuflando a insegurança. O cigarro é o rei das alianças, café e álcool quase sempre se associam a ele como condicionamentos de uso. Sem perceber você vai se dar conta de que não pensa, não cria, não interage sem a "presença intermediária" desse bastãozinho
O fumante alegará que fumar “acalma”. O interessante é entender que, no ato de tragar a fumaça “inspirando” e soltar a seguir, “expirando”, é que o alívio da ansiedade aparentemente se faz. Não é o cigarro que acalma, mas o ato em si, RESPIRAR MAIS PROFUNDAMENTE, o que pode perfeitamente ser realizado sem a presença da fumaça nociva.
Estudos apontam que “pessoas deprimidas são mais propensas a fumar, 43% dos adultos com depressão são fumantes contra 22% dos não fumantes. Essas pessoas também têm maior dificuldade em manter abstinência quando interrompem o uso”. Mas é possível usar exercícios respiratórios da bioenergética ou yoga, por exemplo, com efeitos bastante significativos sobre a depressão leve e podem ser uma terapia complementar à medicação e psicoterapia, nos casos de depressão moderada e severa. Na verdade, o uso do cigarro reforça o isolamento psíquico além de impedir que a pessoa respire de forma profunda e restauradora.
Vencer o vício de fumar tem significados para além dos benefícios com a saúde. Pressupõe vencer a batalha contra a insegurança ou no mínimo encará-la de frente ao invés de desviar-se de seus olhos devoradores. Não é razoável querer sentir-se integrado ou adequado em todas as situações. O mundo amplia suas fronteiras a todo momento, de forma cada vez mais rápida e complexa, não somos obrigados a dominar tudo.
Temos que parar de fugir de “ser humanos”. Podemos começar por tentar aceitar nossos sentimentos como são, sem falsas expectativas. O perfeccionismo é a doença do desempenho que torna tudo o que fazemos uma corrida crucial; ao exigirmos o impossível de nós ou dos que nos rodeiam, estamos condenando todos a buscar recursos desumanos para atingir o inatingível, e o cigarro é um deles. Se você resolver parar de fumar vai começar a enfrentar a vida sem aquela nuvem de fumaça que encobre suas fragilidades. Isso vai lhe trazer alguma humildade, o que também é bastante útil para a convivência.
CRIE CORAGEM, SEJA VOCÊ MESMO, vai se sentir muito mais LEVE E FELIZ, eu lhe garanto.
Maria Teresa Reginato - Psicóloga
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2 comentários:

  1. parabens pelo assunto tão importante quando todos tentam minimizar os danos do fumo em nossa vida... como ex fumante e que comigo tal vicio prejudicou demais o meu estomago e com o resto do alcool foi muito mais danoso...
    parabens pela mensagem e pela experiência tão propria e tão esclarecedora... pois na minha juventude era status fumar...

    enfim hoje poucos pensam desta forma... assim o mundo mudou... bastante... e mudará a cada dia se forem esclarecidos pelos males do fumo....

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  2. Bom demais que se coloque em pauta os aspectos nocivos do cigarro.Como ex fumante sei,na prática,seus malefícios.A primeira tragada matutina vinha sempre acompanhada de um mal estar ao qual me submetia para sentir o prazer que os próximos cigarros do dia me propiciava.Diariamente o mesmo ritual masoquista.Loucura!
    Contudo, quero salientar, resumidamente, duas questões:
    No aspecto psicológico, a dependência ao cigarro é apenas mais uma, sendo inclusive substituida por outro(s)tipo(s) de dependência por muitos que deixam de fumar.Nesse sentido,vejo o auto-conhecimento como uma ferramenta de grande valia para que não caiamos em nossas armadilhas internas com tanta facilidade.
    Socialmente , em que pese alguns abusos cometidos pelos fumantes(fumar em locais fechados...)percebo um patrulhamento muito grande para com estes por parte dos politicamente corretos.Olhares biliosos lhes são dirigidos mesmo em áreas livres, o que é uma pena, pois num país abençoado por deus como o nosso, no qual a tolerância às diferenças é lugar comum, vê surgir um preconceito é algo muito desagradável.

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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

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