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quarta-feira, 16 de junho de 2010

DROGAS, SUTILEZAS SOBRE O PERFIL DE QUEM PROCURA

O INÍCIO do processo costuma estar vinculado à aceitação social. Você é jovem, tem necessidade de pertencer a um grupo e pode ser que este cultive o uso de drogas como bandeira de uma atitude libertária; nessa fase talvez você seja jovem demais para saber que está sendo escravizado por essa “liberdade”. É comum a presença de alguma timidez que as drogas ou álcool mascarem ou problemas de relacionamento com a família. Isso potencializa a probabilidade de buscar “apoio” nas drogas desenvolvendo um comportamento autodestrutivo como forma de chamar atenção ou acentuar um caráter diferencial próprio. Pode apresentar conflitos na adaptação social, na vida escolar, afetiva, sexual... e nesse caso o uso/abuso representa um comportamento de fuga da realidade e dissimulação de uma dor interior. Crianças e jovens solitários e carentes, submetidos a abusos de todos os tipos e vítimas do abandono buscam nas drogas uma forma de “transpor” sua realidade insustentável.
Algumas pessoas demonstram atração por estilos de vida desregrados. Talvez sofram de algum distúrbio como TOD, transtorno opositivo desafiador, quando na infância ou puberdade apresentam padrão recorrente de comportamento negativista, desobediente e hostil com figuras de autoridade; TDAH, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade ou outros transtornos de aprendizagem e comunicação.
Se forem “fortes” para bebida e/ou drogas, alegando que estas fazem “pouco efeito”, tenderão a cair na armadilha de pensarem que estão protegidas, o que é um equivoco. QUANTO MAIS TOLERANTE A QUALQUER SUBSTÂNCIA, MAIOR É O POTENCIAL DE DEPENDÊNCIA DO USUÁRIO.
Existem aquelas pessoas que buscam dar um sentido “especial” às suas vidas. Sentem que sua existência pede um panorama menos vulgar, falta-lhes motivação. Talvez sofram de depressão, mas isso tem tratamento. Esse tipo de personalidade busca por uma conexão com algo especial e encontra na experiência com drogas um simulacro desse contato. São seres humanos sensíveis, cuja emoção não conseguem expressar na medida de sua profundidade. Algumas drogas propiciam essa “expansão”, mas a pessoa não sabe trilhar esse caminho, a não ser pelo uso da tal substância. Entretanto, pode desenvolver alguma expressão artística como música, pintura ou teatro, por exemplo, que é uma forma mais sadia de expansão da sensibilidade.
Muitos estão procurando por Deus, mesmo não o reconhecendo conscientemente. A eficácia das religiões na ajuda aos dependentes demonstra esse anseio; na experiência mística encontram um apoio real para a solidão e o medo. Os grupos de ajuda mútua, que seguem a tradição dos 12 Passos, criada pelos Alcoólicos Anônimos, orientam a entrega do controle da vida a um Poder Superior, de qualquer forma como a pessoa o conceba. É um dos pontos importantes nos itens de recuperação. A meditação também tem se mostrado um recurso interessante para esse tipo de personalidade.
Há os que sofrem de um tipo de arrogância que faz com que se achem especiais demais para viver uma vida “comum”. É uma camuflagem da baixa estima e dos sentimentos de impotência diante dos desafios que a realidade impõe. Tendem a buscar substâncias do tipo “estimulante” para simular a autoconfiança e mascarar frustrações.
O dependente precisa olhar para sua doença sob dois pontos de vista: a dependência é um ponto e a razão pela qual tornou-se viciado, outro. Noto que as pessoas têm mais dificuldade em reconhecer a dependência do que sondar as raízes do problema, aliás, muitos usam tais motivos para justificar certa complacência com a situação. O apoio dos Grupos de Anônimos é valiosíssimo para identificar e aprofundar ambos os questionamentos. Psicoterapia também pode ser bastante útil, mas de forma alguma dispensa as Irmandades.
Como você pôde ver através dessa breve reflexão, pessoas que se viciaram estavam procurando algo, mas se perderam pelo caminho. Não são diferentes de mim ou você, mas um pouco mais perdidas, talvez. A ciência diz que um componente genético predispõe alguns indivíduos a se viciarem. Nenhum de nós conhece essa predisposição, antecipadamente. Quando buscamos compensações ao invés de enfrentarmos nossos conflitos, estamos sujeitos a nos enroscarmos em alguma dependência, seja de substâncias “lícitas” como chocolate, comida, bebida alcoólica, cigarro, remédios diversos como analgésicos, calmantes... e até de ficarmos dependentes de outra pessoa. Isso acontece bastante e não é menos grave que as situações abordadas até aqui.
Também não estou afirmando que drogas ilícitas”“ são menos nocivas, mas já ouvi da boca de alguns jovens argumentos que tentam justificar o uso da “inofensiva” maconha pelo comportamento compulsivo de um pai que bebe e fuma ou de uma mãe que não pode viver sem seus remédios para emagrecer. Em verdade, nenhuma dessas substâncias é inofensiva, além do que grande parte dos usuários não admite a abusividade do uso.
Estou falando de prejuízos irrefutáveis à pessoa e à sociedade. Se fazemos vista grossa para essas questões, com que moral podemos falar em combate às DROGAS?

Maria Teresa Reginato – Psicóloga
http://www.facaterapia.com.br/

Um comentário:

  1. Olá! Gostei do blog, demorei para comentar mas estou acompanhando!
    Beijo

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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

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