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domingo, 30 de maio de 2010

NÃO BASTA NAMORAR,É PRECISO ESTAR ENAMORADO

O conceito NAMORO passou por mudanças ao longo da história. A começar da inexistência do namoro em culturas onde casamentos eram negociados entre famílias, por questões de interesse territorial, financeiro ou de classe social. Namorar é um comportamento relativamente recente, com sentido de ser o período para aprofundar a familiaridade com o suposto pretendente a casamento. A palavra NAMORO vem da expressão espanhola “estar en amor”, idéia que dispensa explicação. Também é usada como sinônimo de estar atraído, encantado, apaixonado e o conceito não está necessariamente vinculado à idéia de casamento. No momento atual a palavra namoro pode significar “ficar” ou transar, fazer amor, com ou sem intenção de compromisso. Mas apesar das variantes, o ato de namorar ainda guarda o pressuposto, implícita ou explicitamente, da presença do amor e eu quero refletir de que forma esse amor está colocado.
Ao levar a esse tema um olhar mais atento vamos constatar que muita gente está à procura de ACEITAÇAO, mesmo dizendo que procura por amor; na melhor das hipóteses buscam somente por RECEBER AMOR, o que não é o mesmo, mas é quase igual. É comum a expressão “ESTOU CARENTE, preciso encontrar um namorado”, o que reforça a concepção de buscar um alguém para preencher um vazio. Esse particular denota uma MENOR DISPOSIÇÃO PARA AMAR, quase como se fosse “dispensável” abrir-se para isso, como se a solução para o vazio fosse receber amor da mesma forma como comida é a solução dos famintos. Acontece que quando se trata de AMOR as coisas não funcionam dessa forma. A SOLUÇÃO PARA A CARÊNCIA DE AMOR É AMAR E SENDO AMOROSO, AMAR-SE POR ISSO E POR CONSEQUENCIA SER AMADO, AFINAL. Você há de convir que uma pessoa amorosa tenha probabilidade maior de ser amada em relação àquela que é apenas CARENTE. Além do mais, pessoas carentes têm baixa estima e tendem a pensar que são indignas do amor. Desconfiadas da afeição que recebem, sabotam inconscientemente as relações conquistadas.
O desenvolvimento humano, na esfera da afetividade, começa no bebê que precisa ser amado incondicionalmente. Esse é um atributo essencial para que o pequeno ser aprenda sobre o amor. Na medida que se desenvolve, manifesta uma qualidade de afetividade que se caracteriza por SABER AMAR E RECEBER AMOR. Nessa medida, aquele que não foi amado o tanto que carecia, ficou em falta e passa pela vida tentando resolver esse vazio. Lamento dizer que se você está nessa condição precisa mais de terapia do que de um namorado e mesmo que já tenha um, pode estar passando por crises recorrentes de insatisfação e ansiedade. Você deve resolver essa falta porque namorar não vai preencher o buraco; nenhum tipo de namoro, dos que apontei no início desse texto, pode resolver isso. Você já ouviu ou fez essa queixa pelo menos uma vez em sua existência: parece que todos estão com medo de se envolver, homens e mulheres falam o tempo todo sobre isso. Uma das causas desse desencontro está no fator que estamos discutindo. Uma propaganda na televisão mostra um casal de estranhos na cabine de um trem. Ela lê um livro e ele, o jornal. Ela pensa: - se ele parar de ler, eu fecho o livro. E ele: - se ela fechar o livro eu paro de ler o jornal. É exatamente assim que estamos nos comportando no quesito NAMORAR, mais preocupados com a rejeição do que com a expressão da afetividade. Vem daí também a atitude de colecionar conquistas, como reflexo da necessidade de testar o “índice de aprovação” embora o interesse não perdure.
Alguns equívocos precisam ser desfeitos. Um está contido no “mito do amor romântico” onde a pessoa encontra no outro o preenchimento de todas as carências. Outro, no “mito do amor incondicional” no qual um se torna incondicionalmente preso a outro que só deseja receber. NAMORAR É TROCAR AMOR PORQUE ESTAMOS AMANDO E NÃO PODEMOS CONTER ISSO. Se você quer AMOR em sua vida precisa “parar de ler” e arriscar-se. Se for recusado, porque NAMORAR TAMBÉM PASSA POR UMA ESCOLHA, entenda que você não perdeu nada, no máximo arranhou seu orgulho, machucado superficial se não fizer uma tempestade disso. Não se recuse a namorar porque sua vaidade pode ser afetada. Está perdendo momentos preciosos de uma existência que nem sempre é generosa. Pessoas que estão amando têm mais disposição, são mais criativas e compassivas, tem mais saúde e recuperam-se melhor de doenças porque não estão focadas na auto-piedade.
Eu torço para que você se enamore, QUE TODOS SE ENAMOREM. Amar é um presente precioso e naturalmente, como tudo o que é caro, é de cara manutenção. Mas afinal, você quer VIVER ou apenas estar vivo ???

Maria Teresa Reginato - Psicóloga
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4 comentários:

  1. AMAR-SE POR ISSO E POR CONSEQUENCIA SER AMADO. To aprendendo isso..! Valeu pelas palavras!

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  2. muito bom o texto, e que todos se enamorem, pois amar e dar e receber o mesmo carinho, o mesmo abraço, o mesmo beijo...

    ta de parabens...

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  3. aprendi com as indas e vindas em minha vida que sempre me enamorei pelas pessoas lindas que conheci... infelizmente acabou... mas tudo continua vivo em minha mente... jamais esqueço os nomes... os fatos em que ocorrem também... pois a vida nos guarda estes bons momentos e nos faz esquecer as brigas e intrigas que causaram o rompimento... que bom ser assim... amar... é... perdoar antes de tudo... beijos

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  4. Infinitas as possibilidades de humanidade...
    Cada outro um ¨salto¨ a nos dizer que a natureza também é desvio e que a vida a gente inventa e é múltipla e é de vários modos.
    Imensuráveis as opções relacionais...
    Consórcios...contratos...carências...Procu-
    ram-se ,caçam-se.
    É a lógica do menos que mais limita que expande.
    Infinitos olhares perspectivos...
    Limitado, apesar de frequentar o mundo , o humano entrevê sempre por perspectivas que lhe escondem quanto lhe mostram.
    Nesse sentido,há os que partilham dimensões recôntidas...Descobrem-se,encantam-se.
    Esses, mais que desbravarem a natureza que se expõe,penetram em suas dobras para um encontro com sutilezas da realidade ¨contidas¨ no Outro e que fascinam cada um dos envolvidos por sentirem ¨tocar¨ o incomum.
    Dimensões mágicas que se fazem vida ao despertarem nos sentidos,adormecidas que estavam,no opaco recesso do espaço-tempo.Que vêm à superfície, não como revelação de um Mistério, mas como aflorações da realidade a ampliarem horizontes.
    Amor, artifício feito e refeito no tempo e a caminhar junto à construção do humano em nós.Conceito-expressão de uma afetividade,o qual carrega a hercúlea tarefa de dizer o indizível, pois ¨exprimir¨, coloca alguém, ¨já é dizer o que não se sente¨.

    Bjs

    Para o consumidor de amor com data marcada e para quem o degusta ao ¨sabor do vento¨,uma sugestão de filme:¨Ensina-me a viver¨. Assisti-lo é sentir o prazer de conhecer Maude,uma fantástica jovem de 79 anos.

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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

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