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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A ARTE DE ERRAR COM OS FILHOS

ou... QUERO FAZER PELO MEU FILHO O QUE MEUS PAIS NÃO FIZERAM POR MIM...
ou... NÃO QUERO FAZER COM MEU FILHO O QUE FIZERAM COMIGO...
Parafraseando Kahlil Gibran: seus filhos não são seus filhos... mas são filhos da ânsia da vida por si mesma...
Quando uma criança nasce ou mesmo antes, quando é concebida, ela traz consigo um tanto da genética familiar assim como uma parcela das experiências de seus ancestrais na sua memória genética. A ciência diz que o ambiente pode mudar a genética ao mesmo tempo que define no código genético a originalidade de cada ser. Tendo ou não informações científicas, qualquer um que se deu ao trabalho de observar um bebê nos primeiros meses de vida pode perceber que ele tem impressões particulares sobre o que o rodeia e que isso varia, bastante ou sutilmente, de um para outro. De qualquer forma, se você estiver olhando MESMO, verá que um grau razoável de ORIGINALIDADE o distingue. Mas quando vc olha para o seu filho e vê nele a criança que vc foi e como foram atendidas suas necessidades e originalidade ( e é isso que vc está fazendo quando quer dar a ele o que vc não teve, por exemplo) deixa de oferecer a ele aquilo que ELE PRECISA para desenvolver seus potenciais ou melhorar os traços de indesejáveis.
Perceber a criança, exige uma "mente limpa" de imagens e expectativas. Aquilo que é original tende a saltar aos olhos mas não quando nossa mente já está saturada de impressões . Nossos sentidos são assim, nossas emoções são assim e nossa mente é assim. Olhamos o mundo através das impressões que carregamos, isso é APRENDIZADO mas na medida que esse conteúdo aprendido nos predispõe, pode tb alterar nossa visão das necessidades do outro. E quando amamos assim, não estamos amando nem nossos filho nem a nós mesmos, estamos apenas apegados a nossas faltas e carências, sem entretanto resolvê-las em nós e depositando-as no filho como se fôsse ele a prescindi-las. A psicologia chama a isso de PROJEÇÃO, quando eu tento me realizar em outra pessoa. Se vc tem carências, desejos e sonhos não realizados, procure cumprir o papel de um novo pai ou mãe em sua vida e DEVOLVA A SI MESMO ESSA OPORTUNIDADE realizando hoje pelo menos uma parte do que ficou para traz. Quanto a seu filho, observe-o com a atenção de um ET que pisa na terra pela primeira vez e tenta entender como funciona esse ser que aqui habita. Olhe-o com os olhos limpos de previsões ou preocupações. Procure apreender o que ele precisa para florescer na sua mais completa originalidade. Se vc é alguém que corre atrás dos seus sonhos e prejuízos infantis será sem dúvida mais capaz de separar sua pessoa da pessoa que é esse filho. Todos sairão lucrando e é muito mais saudável do que ficar chorando pelo leite derramado. Pense seriamente nisso. A humanidade precisa que cada um seja aquilo que pode vir a ser em toda a sua potencialidade. Leia o Gibran, vai ajudar, segue abaixo para vc meditar.
...são filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.
Eles nascem através de vc não não de vc,
e embora vivam com vc não lhe pertencem.
Vc pode dar-lhes seu amor, mas não seus pensamentos,
pq eles tem seus próprios pensamentos.
Vc pode abrigar seus corpos mas não suas almas,
pois suas almas moram na mansão do amanhã,
que vc não pode visitar nem mesmo em sonho.
Vc pode se esforçar para ser como eles,
mas não procure fazê-los como vc,
porque a vida não anda para traz e não se demora com dias passados.
Vc é como o arco do qual seus filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e o estica com toda a força
para que as flechas se projetem rápidas e para longe.
Que a curvatura na mão do arqueiro seja a sua alegria,
pois assim como ele ama a flecha que voa,
ama tb o arco que permanece estável.
Kahlil Gibran
Maria Teresa Reginato

3 comentários:

  1. Teresa, achei interessante a conexão deste texto com o anterior. Acho que a idéia de que prontidão é diferente de tensão é importante também para ser aplicada na nossa relação com nossos filhos. Chegar lá é que é difícil, separar uma coisa da outra no convívio diário.
    Um abraço prá você,
    Glauca

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  2. Maravilha de mensagem!
    Pobre humanidade não é mesmo?
    Esconde , inúmeras vezes, o sofrimento em hospitais...a morte em UTIs...tudo em nome da tal felicidade,que artificializada,é vendida até mesmo em comprimidos de prozac!
    Carente humanidade...frustrada pelos não acertos de seus pais, os quais,socialmente tão respeitados simplesmente por serem...procriativamente...pai e mãe ,e que assim sendo, não são!
    Egóica humanidade sem pai e sem mãe e que não os tendo quer sê-lo mas que ao ser fazem ECOS DE SI MESMOS!
    Desejar simplesmente respeito social procriativo...repetir...pa-
    dronizar ...é optar pela escassez diante da vida que pede abundância e diferença.
    Impedir o singular é fazer mambembe um espetáculo que se deseja grandioso, e no qual,cada um de nós é coadjuvante pois o papel principal pertence sempre à própria vida.
    Deixar emergir as singularidades,é permitir o fluir da vida com toda sua potência realizadora , promovendo assim o que alguns chamam de felicidade.Não àquela, apenas efusiva e efemera,que aliena ao escamotear alguns atos inerentes ao espetáculo,mas uma felicidade madura que absorve o espetáculo inteiro.
    Mas para que isso aconteça é preciso ter consciência de que

    ¨NA CASA ONDE NASCE UMA CRIANÇA OS OBJETOS MUDAM DE SENTIDO.FICAM A ESPERA DE UM NOVO SIGNIFICADO AINDA A SER DADO.UMA NOVA HISTÓRIA , BREVE OU LONGA, ACABA DE SER FUNDADA. O REGISTRO ESTÁ ABERTO¨!
    M.M.Ponty
    Um bj!

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  3. ¨Parteira de almas¨querida,peguei pesado?Desculpa, não percebi, foi sem querer mesmo.Sei que a proposta do blog é outra e minha intenção não era expelir bilis mas apontar ¨nonsenses¨ cenas cotidianas.
    Mães que brincam de bonecas em seus filhos...grandes peitorais ¨arrastando¨pelas mãos suas(!?)mulheres(que bom, não mais pelos cabelos!)...pais reprodutores de Júniors...
    Atos que acho lamentáveis(pois em nome de inflados egos dificultam a potência individual)e ao mesmo tempo me fazem rir qdo os observo e enxergo a caverna, ainda tão presente em meio a nós.
    Sei que nem todos são assim, apenas a maioria, e discorreria mais tentando demonstrar onde desejaria chegar:Interdependência.Solidariedade(não caridade) .Cotidiano cosntituido e construido por PESSOAS ,as quais seremos, qdo(se)lermos a nós mesmos como partes menores.
    Sei dos diálogos e trocas(essa foi a intenção do comentário)e que ¨a vida não anda para traz¨,mas o meu problema(eu tb sou um problema!)é querer que a vida seja um carro de fórmula 1!!
    Hoje, me divirto com o que vejo e tb com o que sou , faço da vida cotidiana um intervalo de grandes novidades.
    Bj.
    Te gosto muito viu!
    PS-Já percebeu como é mais bonito o céu de lua e sol presentes ao mesmo tempo?

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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

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