Ela nem mesmo queria a gravidez. Talvez
tivesse optado por um aborto mas não o fez. Tentou então realizar tudo o que
sabia, podia ou conseguia e no final, foi uma mãe do jeito que deu para ser.
E quem sabe o jeito certo de ser mãe?
ELA tem sido tema de muitas sessões de
terapia, mas qual mãe não é?
A jovem mãe solteira que não tinha
maturidade para ter filhos, aquela que morreu na infância, a que fugiu e a que
ficou. A mãe que se separou do pai e mergulhou na dedicação aos filhos... a
que se divorciou e “caiu na vida” tentando recuperar o tempo perdido esquecendo
que tinha filhos... a mãe que não se separou e aguentou firme por causa
dos filhos... aquela que foi tão feliz no casamento que deixou os filhos
em segundo plano... a que se dedicou totalmente aos filhos e esqueceu-se
de ser mulher... a mãe que se dedicou ao casamento e aos filhos
esquecendo-se dela mesma...
Aquela que foi dura, a complacente, a
benevolente, a neurótica, a supermãe, que mãe não é tema recorrente em terapia?
Uma paciente minha diz que sua mãe deveria
ter sido mais exigente e alega que hoje carece de força de vontade e
combatividade por isso. Outro diz que nunca conseguiu satisfazer as
expectativas da mãe, desenvolvendo baixa estima e insegurança.
Obviamente nem todos esses filhos expõe
razões fundamentadas, mas alguns têm razão. Definitivamente não é fácil ser
filho mas saber ser mãe também não é brincadeira.
E afinal, onde está o "modelo"
desse fenômeno de mulher, que entrega o serviço como manda o figurino, fazendo
de todos nós bebês irremediavelmente felizes?
Ou será que MÃE virou aquela figura na
qual os filhos depositam todas as suas queixas, frustrações e fracassos?
“Eu só sei que foi a mãe...”.
E é claro que foi a mãe.
Essa é aquela pessoa que estava lá, participando significativamente de
sua vida. Por mais ausente que tenha sido, esteve lá, mais do que qualquer
outra pessoa. Então, como não errar?
É uma equação matemática:
muito Tempo = muitas Ações = muitos
Acertos e Erros.
Só que os acertos não entram na
estatística
e raramente aparecem como tema nas sessões
de terapia.
“Se o menino acerta é porque tem
potencial, mas quando erra foi culpa da mãe”.
Às vezes cansa, mãe sofre de culpa crônica
pelo que fez e não deveria ter feito e pelo que não fez mas poderia, como se
tivesse errado “de propósito”. Não estou aqui para negar a existência das mães
descuidadas e as desalmadas. Mas digo que, se as mães fossem menos
criticadas e mais amparadas, talvez errassem menos. E esse é o meu apelo:
-Apoiem as mães, isso é tratar o
abandono infantil pela raiz.
As pessoas erram porque não sabem o que
fazer ou se sabem, nem sempre estão em condições de cumprir o que é correto.
Aquelas que sabem, podem e não o fazem porque não querem, essas estão profundamente
doentes, portanto também não erram por vontade consciente.
E dentro desse papel, a maternidade, o
ministério mais delicado, trabalhoso, diversificado, oneroso e fundamental de
todas as funções humanas, vamos e venhamos, são colossais as possibilidades de
erro.
Que SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO, isso é
uma verdade incontestável. Porque, o que se tem, é o acontecimento mais importante
da vida, desenrolando-se debaixo do nosso nariz e estamos quase sempre tão
terrivelmente ocupadas em tentar acertar, que criamos grandes possibilidades de
falhar deploravelmente.
E como se não bastasse, todos os
deveres e responsabilidades, nada de reedição, foto shop, videotape, afinal é
vida passada ao vivo e a cores.
Todo erro cometido pode vir a
ser irremediável e mesmo que não seja tanto, é erro de mãe e mãe não tem esse
direito.
Não é uma covardia?
SER MÃE JÁ TRAZ EM SI UMA ATENUANTE,
acredite...
Procuro dedicar às mães especial
delicadeza, O CARGO MERECE RESPEITO.
mesmo que a pessoa não o tenha desempenhado
a contento.
É o primeiro passo, RESPEITAR.
Ser mãe exige muitas vezes o
que não temos, porque também não recebemos. É comum aprender e amadurecer com
os filhos, naquilo que não conseguimos resolver antes.
Toda relação tem dores e recompensas. É o
preço que todos somos obrigados a de pagar.
Que mal se compare, ser mãe é mais ou
menos como ser artista:
90% é esforço e dedicação.
E se resultar em 10% de
recompensa,
saiba que você já se saiu muito bem.
Maria Teresa Reginato
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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.