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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

... APENAS SER


Se levarmos em consideração não só o conteúdo, mas o significado dos desejos mais comuns de um ser humano, verificamos que todos nós aspiramos por uma única coisa, PAZ
.
 Isso acontece quando almejamos uma condição financeira que nos traga conforto e segurança ou se buscamos fama e sucesso.  Desejamos saúde para nós e nossos queridos, procuramos estabilidade nas relações amorosas No fundo estamos tentando aplacar uma ânsia, cuja inquietação que não nos permite viver em paz.

Por vezes percorremos caminhos intrincados na busca dessa “saciedade” e acreditamos que, ao atingir algum patamar que elegemos segundo nossas crenças, experiências e valores, alcançaremos aquela tão sonhada tranqüilidade. E é comum, que ao atingirmos tais parâmetros, alguma ou bastante felicidade nos acalente, mas nem sempre resulta em paz.  Momentos sonhados muitas vezes revertem em frustração e a satisfação rapidamente se esvazia, gerando mais ansiedade. 

Segundo o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz, no livro O Sutil Desequilíbrio do Estresse, Ed. Gaia, a ciência concluiu que a felicidade é um estado basal característico de cada pessoa. Mesmo aquelas que passaram por significativos episódios de felicidade ou infortúnio, tendem a voltar ao mesmo nível de felicidade que tinham antes, no prazo aproximado de um ano. A felicidade é, portanto, um estado fugas que se esvai como água entre os dedos, muitas vezes mais rápido do que possamos sorvê-la.
 Então, talvez não seja realmente a felicidade que nos faça felizes, embora essa pareça uma afirmação insana.

Contudo, o que poderá preencher essa insaciável ânsia de ser feliz?
Quem sabe a paz o faça, porque ela é nutridora, criando inclusive. “reservas de energia” para os momentos de infelicidade. Pessoas serenas costumam ser mais fortes na hora enfrentar problemas, recuperam-se mais depressa e sempre tiram alguma lição positiva dos infortúnios, todo mundo sabe disso.

E o melhor é que a paz não supõe necessariamente ir a algum lugar, conquistar algo ou vir a ser alguém.
Se basearmos nossa felicidade na roda viva que é a vida ao nosso redor, vamos viver sempre inseguros. Como diz o Livro das Mutações, “Tudo sofre mutação; a única coisa que não muda é a mutação”. Logo, não pode haver segurança na impermanência, não a segurança que entendemos como felicidade, uma vida arrumada e fixa como vitrine de loja.

Então, afinal das contas, do que depende a paz exatamente? 

Segundo o Dr. Sérgio, “pessoas com melhores índices de bem estar subjetivo são aquelas que têm boa aceitação da realidade tal como ela se apresenta, as que têm um objetivo de vida e um bom grau de autoconhecimento”.
 Ou seja, a paz depende de uma relação harmônica entre nossa subjetividade e a realidade à nossa volta.

Sempre que subo a serra em direção à minha casa, em Atibaia, deparo-me com a vegetação exuberante que ocupa cada centímetro do caminho, em múltiplos tons de verde, numa explosão de vida por toda a parte. Não posso deixar de pensar que se todas essas plantas, do minúsculo broto à árvore mais frondosa, fossem pessoas, de certo seria uma multidão agitada e barulhenta, ansiosa pela aglomeração e pela falta de espaço para movimento. 
Mas o reino vegetal se assenta, vivendo sua natureza e cumprindo sua função, silenciosamente existindo, sem ir a lugar nenhum e sendo tudo o que pode ser. É por esse motivo que a natureza nos acalma. É vida sendo vivida sem ansiedade, cumprindo ativa e pacificamente seu destino, do começo ao fim.
 É vida existindo no aqui e agora, independente do ontem ou do amanhã.

Sim, eu sei, somos dotados de pernas, mãos e sonhos, e uma mente que pode ir a qualquer lugar mesmo quando o corpo não vai a lugar algum. Nossa constituição é muito mais complexa do que a de uma árvore, mas isso não quer dizer que temos que viver em frenético movimento de busca, para fazermos jus a essa natureza. 
Se um veículo possui um motor que comporta uma determinada velocidade limite, não quer dizer que precisamos usá-lo sempre nesse limite.

 O que temos em potencial é bastante valioso e fala-se muito, hoje em dia, em aproveitar nossas competências. Mas talvez o excesso disso esteja nos envenenando de ansiedade, o que não só não ajuda em nada, como nos obriga a viver no limite.

Às vezes também é bom ficar no lugar que já conquistamos, 
ser quem somos, 
existir e deixar a vida existir nas outras pessoas.

A paz pode estar no topo de uma montanha, após uma escalada vigorosa mas também reside no sopé, onde existe sombra, água fresca e segurança.

A paz está nos intervalos entre os pensamentos, quando o vazio leva à plenitude, afirmam os meditadores.

A paz pode estar aí, ou melhor, aqui e agora, 
inclusive nessa pequena parada que você fez ao ler esse texto,
 como silenciosa árvore recebendo uma chuva fina, logo pela manhã.

Paz não é algo para ser procurado.
Ela é que nos encontra,
 se pararmos um pouco para que nos alcance.

                                                          
 Maria Teresa Reginato - Psicóloga
  visite o site  http://www.facaterapia.com.br/ 


5 comentários:

  1. Parabéns, Tereza, excelente texto, bjs.

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  2. Um mestre induziu seu discípulo a caminhar até o cume de uma montanha .Chegando lá ,o discipulo, surpreso por nada vê a não ser pedras pelo chão,perguntou ao mestre :¨mas qual o objetivo de termos vindo aqui¨?
    Ao que o Mestre respondeu:¨perdestes uma grande chance de enxergar a beleza do caminho!¨
    Grata por este ¨cantinho¨de paz...

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  3. Que delícia ler estas palavras! Realmente trouxe muita paz em meu espírito. Obrigada! Beijos no coração

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  4. Adorei o texto, concordo com "Então, talvez não seja realmente a felicidade que nos faça felizes, embora essa pareça uma afirmação insana.", talvez a fecilidade seja encontrar a paz, vivenciar os momentos em sua plenitude, o aqui e o agora.
    Beijo grande

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ACRESCENTE...,sua reflexão é muito bem vinda.

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