QUESTÃO DE ZELAR PELA VIDA

Estamos diante de uma das mais complexas inconsistências do comportamento humano. No que se refere a cuidar de si mesmo, do próximo e do ambiente que o rodeia, acentuando-se particularmente na civilização ocidental, o homem não alcançou ainda um bom entendimento sobre a integração entre corpo, mente e espírito, assim como entre indivíduo e meio. Esse conceito está naturalmente inserido na educação da criança oriental, através de pressupostos morais, filosóficos e religiosos, assim como na medicina ayurveda e chinesa, por exemplo, que encerram em si condutas profiláticas cotidianas para a saúde da pessoa e do “em torno”. A criança ocidental, de maneira geral não é levada a refletir sobre o conceito de integralidade porque a escola,a família, a sociedade enfim, também não o praticam. A partir disso fica difícil imaginar que essa pessoa possa crescer para além da margem de um acentuado egocentrismo . E, embora essa idéia já seja alvo de reflexão em tempo presente (eu que escrevo esse artigo e você que se interessa em lê-lo, fazemos parte desse segmento), estamos lutando contra conceitos profundamente arraigados de uma auto preservação baseada no individualismo.

A começar que ainda confundimos o que gostamos de ter ou fazer com o que é bom para nós. Na verdade, o que é bom para mim tem que ser harmônico com o todo, o que equivale a dizer que o que é bom para o todo o é para mim, mas o que eu desejo não o é, necessariamente. A seguir, temos noções de relação grupal baseada na competição e não em cooperação, na liderança imposta e não nas naturais, nos papeis definidos por circunstancias diversas e nem sempre por qualificação, habilidade ou vocação. Soma-se a isso que nossa idéia de ordem, conforto e higiene se apóia em conceitos que nem sempre são ecologicamente sustentáveis. O resultado potencializado de todas essas variáveis é um indivíduo solitário e egoísta, por vezes paranóico ou portador de anorexia social. Nossa mente está povoada de anseios e temores que nos afastam dos outros. Tendemos a procurar compensações efêmeras para nossas carências e a ser indiferentes com a realidade a nossa volta.
Há também outra questão a ser incorporada. O homem é um animal cujo ambiente é a própria mente porque ele traduz a realidade através dela. Então, se nossa mente tornou-se impregnada de pensamentos sombrios e persecutórios, é evidente que não vamos perceber o mundo como um lugar em que vale a pena viver e/ou portanto cuidar.
Da mesma forma acontece na conexão estabelecida com o corpo, que também é o ambiente de nosso espírito. Se for uma relação de rejeição ou inferioridade, por conta de padrões pré-estabelecidos de estética ou habilidade, certamente teremos com ele um comportamento de abuso e servidão.
Cientistas afirmam que é possível até mesmo interferir no código genético com atitudes positivas, desativando genes nocivos e ativando os benéficos. Eles têm reafirmado cada vez mais a idéia de que “a doença começa na mente”. Além disso, uma atitude positiva vem naturalmente acompanhada de uma atitude solidária. Pessoas otimistas tendem a ser mais idealistas e agregar-se, produzindo para o todo. Por tudo isso, é de fundamental importância introduzir essa noção integradora na educação de nossas crianças.

O QUE ACONTECE NA MINHA MENTE ACONTECE TAMBÉM NO MEU CORPO, QUE ME FAZ AGIR DE CERTA FORMA NO AMBIENTE, QUE REAGE E SE VOLTA PARA MIM, INTERFERINDO NO MEU CORPO, MENTE E ESPIRITO.Assim, VIVER EM UNIÃO COM O TODO é no mínimo sensato para quem pretende se

preservar e traz muito mais alegria, sentimento de realização e pertencimento do que o que temos vivido até então
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Maria Teresa Reginato - Psicóloga
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